Fundo internacional anuncia projetos selecionados para fomento na América do Sul
As sete iniciativas escolhidas pelo Land Innovation Fund cobrem áreas dos biomas Cerrado, Gran Chaco e Amazônia em três países da região.
São sete os projetos selecionados na segunda chamada de financiamentos do Land Innovation Fund para a América do Sul. Com investimentos de cerca de US$4 milhões, as iniciativas auxiliam a enfrentar alguns dos maiores desafios da agenda de sustentabilidade da atualidade, com soluções de inovação que vão de programas de compensação florestal ao monitoramento e gestão sustentável de propriedades, de boas práticas agrícolas e sequestro de carbono ao fomento a mecanismos financeiros de pagamentos por serviços ambientais. Alcançando um número estimado de 400 propriedades rurais, as soluções ampliam a diversidade e o alcance do portfólio de projetos do Land Innovation Fund em favor de uma cadeia de suprimentos da soja sustentável, livre de desmatamento e conversão da vegetação nativa em três biomas prioritários da região: Cerrado, Gran Chaco e Amazônia.
As sete inciativas serão implementadas por treze parceiros de três países – Brasil, Argentina e Paraguai. No Brasil, foram selecionados: Climate Policy Initiative, organização com experiência na análise de políticas públicas e finanças, com um projeto para alavancar o instrumento de reposição florestal no Código Florestal brasileiro; o Instituto Internacional para Sustentabilidade, ‘think thank’ que utilizará as ciências comportamentais para mapear critérios que influenciam o produtor na tomada de decisão para o uso da terra, e desenhar mecanismos baseados no comportamento dos produtores de soja para a conservação da vegetação nativa e adoção de práticas agrícolas sustentáveis; Produzindo Certo, plataforma de diagnóstico e conformidade socioambiental que ampliará a base de dados em 500 mil hectares de terra, democratizando o acesso do produtor rural à assistência técnica em sustentabilidade e à oportunidade de negócios verdes; e a empresa de tecnologia aplicada à mensuração e monitoramento de dados florestais, Treevia, em parceria a GSS Carbono e Bioinovação, com uma solução de pagamentos por serviços ambientais para propriedades rurais localizadas no bioma Cerrado.
“A demanda crescente por alimentos associada ao aumento dos efeitos das mudanças climáticas exige soluções imediatas em favor de uma agricultura sustentável e livre de conversão de florestas e vegetação nativa. O novo portfólio de projetos reafirma o nosso compromisso com o fomento à inovação para a transformação da cadeia de suprimentos da soja, com foco na fazenda e no produtor rural, e amplia a nossa presença e atuação nos biomas prioritários para o Land Innovation Fund na América do Sul: Cerrado, Gran Chaco e Amazônia”, afirma o diretor do Land Innovation Fund, Carlos E. Quintela. “Os quatro projetos selecionados para implementação no Brasil cobrem áreas do Cerrado, e dois deles – Climate Policy Initiative e Produzindo Certo – chegam também aos produtores rurais da Amazônia”, completa.
Na Argentina e Paraguai, todas as três iniciativas selecionadas serão implementadas por múltiplas instituições, no formato consórcio: a Fundação ProYungas, dedicada à conservação e desenvolvimento sustentável, em parceria com a Associação Argentina de Produtores de Plantio Direto (AAPRESID) e a Fundação Moisés Bertoni, do Paraguai, apoiarão a adoção de boas práticas agrícolas e sequestro de carbono em cinco fazendas-piloto no bioma Gran Chaco; a Associação Argentina de Consórcios Regionais de Experimentação Agrícola (AACREA), uniu-se à Associação Argentina da Cadeia de Suprimentos da Soja (ACSOJA) para criar modelos de desenvolvimento sustentável com pelo menos 100 agricultores do país; e a Câmera da Indústria de Óleos Vegetais da Argentina (CIARA), em parceria com Peterson-Control Union (PCU) e a Bolsa de Comercio de Rosario, implementarão uma plataforma integrada de monitoramento e verificação de toda a soja comercializada na Argentina.
O novo portfólio de projetos amplia a atuação do Land Innovation Fund no Gran Chaco, bioma que cobre aproximadamente 850 mil km2 em áreas do Paraguai, da Bolívia, da Argentina e que desde a década de 1990, e em especial desde os anos 2000, registra uma das maiores taxas de desmatamento do mundo devido à pressão crescente para converter ecossistemas naturais em terras agrícolas, em especial para o cultivo da soja. “O Gran Chaco é habitat de uma grande variedade de espécies animais e vegetais, em um território ocupado por inúmeros povos nativos de enorme diversidade e importância cultural. No entanto, a região também é uma das áreas ambientalmente mais vulneráveis da América Latina. As iniciativas selecionadas para o bioma estimulam o diálogo entre múltiplas vozes na agenda de sustentabilidade e buscam soluções em sinergia que contribuam para o desenvolvimento agrícola sustentável, a mitigação das mudanças climáticas e a valorização da floresta em pé na região”, afirma Quintela.
Iniciada em outubro de 2021, a Segunda Rodada de financiamento de projetos do Land Innovation Fund recebeu 47 submissões, em quatro áreas programáticas prioritárias – políticas e instrumentos regulatórios, métodos e ferramentas, participação e diversidade, entrega de soluções – todas com foco em soluções inovadoras e sustentáveis relevantes para a propriedade rural. Os sete projetos selecionados reforçam o compromisso do Land Innovation Fund em investir em iniciativas que desenvolvam, testam e entreguem soluções de inovação nas áreas científica, tecnológica e de negócios para alcançar uma cadeia de suprimentos da soja sustentável, livre de desmatamento e conversão da vegetação nativa na América do Sul, como também em parcerias com os mais relevantes atores que perseguem os mesmos objetivos.
Em pouco mais de um ano de atuação, o Land Innovation Fund apoiou a implementação de treze projetos, com nove parceiros e a participação de trinta startups; engajou mais de 60 produtores rurais e mais de 70 instituições em dois biomas na América do Sul, Cerrado e Gran Chaco; conduziu o processo de seleção para a segunda rodada de projetos; e estruturou a dinâmica de seleção da terceira chamada para fomento e cooperação de iniciativas e parcerias, a ser aberta em breve. “Da inovação à transformação, unimos esforços e investimentos para apoiar uma rede de múltiplos stakeholders e contribuir para a construção de um portfólio de projetos e iniciativas que tragam resultados de impacto para toda toda a sociedade”, afirma Carlos E. Quintela.
CONHEÇA OS NOVOS PROJETOS:
NO BRASIL:
PROGRAMA DE REPOSIÇÃO FLORESTAL: alavancar o instrumento de reposição financeira no Código Florestal brasileiro para promover o desenvolvimento sustentável: esta é a proposta do Climate Policy Initiative, que pretende ainda aumentar a transparência, o acesso aos dados e a integração de informações para aprimorar a tomada de decisão e fortalecer os mecanismos ecossistêmicos no país. O projeto utilizará pesquisas aprofundadas, diálogos estruturados e ampla divulgação para garantir a regulamentação e implementação da reposição florestal em todos os estados produtores de soja no Brasil, com ênfase nos biomas Cerrado e Amazônia. A meta é criar condições para abertura de corredores ecológicos e proteção de áreas prioritárias para conservação.
CIÊNCIAS COMPORTAMENTAIS APLICADAS À UMA CADEIA DA SOJA SUSTENTÁVEL: com foco no bioma Cerrado, o projeto do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS) visa aplicar as ciências comportamentais de forma inovadora explorando o papel da economia comportamental no desenho de incentivos e intervenções políticas para conservar e restaurar voluntariamente a vegetação nativa e adotar práticas sustentáveis; testando como intervenções comportamentais podem aumentar a disposição para aceitar tais incentivos; e contribuindo para a implementação de políticas privadas, públicas e multilaterais favoráveis à agricultura responsável.
PLATAFORMA PRODUZINDO CERTO: o hub digital de negócios verdes irá desenvolver novas funcionalidades para a plataforma Produzindo Certo e aprimorar a experiência do usuário; treinar 60 multiplicadores para agregar valor aos serviços realizados pelo produtor rural; adicionar pelo menos 500 mil hectares de terra à base de dados da plataforma, oferecendo um diagnóstico socioambiental detalhado e um plano de ação para corrigir eventuais não-conformidades; oferecer aos agricultores acesso ao aplicativo “Eu produzo certo”, com novas oportunidades de negócios verdes; agregar três novos contratos comerciais ao catálogo de empresas atendidas pela Plataforma, e oferecer até R$50 milhões em volume de crédito verde para financiamento da produção sustentável de soja no país, criando condições técnicas e financeiras para uma prática agrícola responsável.
PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS NO CERRADO: Com foco em áreas de Cerrado do Estado do Tocantins, o projeto da Treevia, em parceria com a GSS Carbono e Bioinovação visa facilitar o acesso do produtor rural a diferentes ferramentas tecnológicas e instrumentos financeiros que permitam o pagamento por serviços ambientais, gerando receita adicional que incentive a conservação de áreas nativas, evitando o desmatamento e a conversão de novas áreas na cadeia da soja. A iniciativa será implementada em duas frentes: o desenvolvimento de uma ferramenta de software e hardware que permita a aplicação de metodologias de monitoramento, relatório e verificação (MRV), e terá como base a ferramenta SmartForest da Treevia; e a construção de instrumentos técnicos, jurídicos e financeiros que permitam aos produtores rurais gerar renda adicional para a manutenção da floresta em pé, por meio da comercialização de ativos ambientais em uma plataforma inovadora.
Na Argentina e Paraguai:
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E PRODUTIVA NO CHACO: Criar modelos de produção agrícola inovadora e sustentável para a região do Gran Chaco: este é o objetivo do projeto da Associação argentina de consórcios regionais de experimentação agrícola (AACREA), em parceria com a Associação argentina da cadeia de suprimentos da soja (ACSOJA). A iniciativa pretende estabelecer e validar, com pelo menos 100 agricultores em uma área de cerca de 250 mil hectares do bioma na Argentina, modelos de intensificação ecológica agrícola que mantenham ou aumentem os rendimentos do produtor rural; reduzam as perdas de colheitas; conservem as áreas naturais dentro das fazendas; contemplem a restauração de solos e ambientes degradados; e apliquem indicadores ambientais, com foco em carbono do solo e biodiversidade.
VISEC: PLATAFORMA DE MONITORAMENTO NO GRAN CHACO: A proposta da Câmera da Indústria de Óleos Vegetais da Argentina (CIARA), em parceria com Peterson-Control Union (PCU) e a Bolsa de Comercio de Rosario, é estabelecer uma plataforma de rastreabilidade e monitoramento inovadora para avaliar os impactos ambientais, sociais e econômicos da produção de soja e outras commodities em áreas prioritárias da Argentina, começando pelo Gran Chaco. A plataforma VISEC reunirá, em um único sistema, dados de monitoramento e verificação de toda a soja comercializada na Argentina, unificando parâmetros e requisitos de sustentabilidade relevantes para a comercialização do grão. A iniciativa envolve a contribuição e o engajamento de diferentes atores, desde produtores até exportadores e ONG’s, e propõe-se a gerar dados de forma transparente, confiável e acessível ao público, contribuindo para a produção e comercialização de bens essenciais de forma ambientalmente sustentável, principalmente a soja e seus derivados.
BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS E SEQUESTRO DE CARBONO: A Fundação ProYungas, em parceria com a Associação Argentina de Produtores de Plantio Direto (AAPRESID) e Fundação Moisés Bertoni, apoiará a adoção de boas práticas agrícolas e estimulará a conservação e restauração da vegetação nativa em fazendas de soja do bioma Gran Chaco, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e a valorização da floresta em pé. O projeto será implementado em cinco fazendas-piloto de soja na Argentina e no Paraguai, abrangendo pelo menos 50.000 hectares, onde serão realizadas a quantificação de carbono da atividade produtiva; a avaliação do estoque de carbono da vegetação nativa; a classificação por categoria - se emissor de carbono, carbono neutro ou sumidouro de carbono); o desenvolvimento de um projeto de compensação de emissões de carbono da área de vegetação nativa, com credenciamento internacional, e o desenvolvimento de uma plataforma de informação online que garanta transparência aos projetos.