Sustentabilidade em debate no Bahia Farm Show

Land Innovation Fund e parceiros debatem caminhos para uma agricultura responsável e de baixo carbono em painel sobre sustentabilidade na maior feira agrícola do norte-nordeste do país.

Oportunidades de negócios verdes para um agronegócio sustentável foi a pauta do debate realizado na última sexta-feira, dia 9, no Bahia Farm Show. Durante o evento apoiado pela Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), com transmissão ao vivo pelo G1, o diretor do Land Innovation Fund, Carlos E. Quintela, recebeu Paulo Zanardi Jr (GSS Carbono e Bioinovação), Fernanda Gomes (Centro de Ciência da Sustentabilidade da PUC-RJ e Instituto Internacional para Sustentabilidade) e Diego Pedr’Angelo (Produzindo Certo), parceiros do Fundo no desenvolvimento de soluções de inovação para uma agricultura sustentável e de baixo carbono na América do Sul. A mediação do evento ficou a cargo da jornalista Georgina Maynard, da TV Oeste. Com o apoio da Associação dos Agricultores e Irrigantes (AIBA), o Land Innovation Fund também recebeu parceiros, pesquisadores, empreendedores e produtores rurais em um estande organizado para promover o intercâmbio de conhecimento e a sinergia entre projetos e múltiplos atores da cadeia da soja de uma das regiões de maior produtividade agrícola do país.

Carlos E. Quintela abriu o evento ressaltando o papel catalizador do Land Innovation Fund para a construção de uma paisagem de inovação pela sustentabilidade no campo. “Queremos criar condições para o desenvolvimento sustentável, eliminando barreiras tecnológicas, de governança ou de negócios, aproximando parceiros e viabilizando sinergias para a implementação de soluções de inovação para uma agricultura sustentável e inteligente para o clima”. Em pouco mais de dois anos de atuação, o Land Innovation Fund construiu um portfólio com 36 projetos e 44 parceiros com iniciativas concluídas ou em implementação no Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia.

Com um olhar de paisagem, as soluções apresentadas no painel incluem áreas complementares como pesquisa e engajamento com o produtor (IIS), monitoramento e certificação de boas práticas agrícolas (Produzindo Certo), mensuração e comercialização de créditos de carbono (GSS Carbono e Bioinovação) e monitoramento da biodiversidade (Green Bug), todas com foco na fazenda e no apoio ao produtor rural. “Sabemos que desafios complexos exigem soluções integradas e inovadoras. Por isso, encontros e eventos como o Bahia Farm Show são muito importantes para o Fundo. Conseguimos criar conexões e apurar o diálogo com o produtor rural " , completa o diretor do Fundo.

A união entre atores do agronegócio, incluindo pesquisadores, proprietários rurais e iniciativas privadas, um dos pilares do Land Innovation Fund, também esteve entre os temas em destaque durante o painel. Fundador da GSS Carbono e Bioinovação e parceiro da Treevia em um projeto de mensuração e comercialização de créditos de carbono para área conservada, Paulo Zanardi Jr. destacou a importância do trabalho em parceria para viabilizar a realização de projetos com ativos ambientais. “Sabemos que o ciclo de um projeto de carbono é longo. Nós trabalhamos para democratizar o acesso à tecnologia e ao mercado de ativos ambientais. Os produtores rurais também podem atuar em conjunto para viabilizar e facilitar a entrada no mercado de carbono”, explica.

No evento, Zanardi apresentou a Arbaro Carbon, plataforma integrada de inovação desenvolvida em parceria com a Treevia com o apoio do Fundo que conjuga desenvolvimento tecnológico com construção de instrumentos técnicos, jurídicos e financeiros capazes de ampliar a transparência e o potencial do mercado de ativos ambientais para a conservação de florestas no país. A proposta da iniciativa é desenvolver e administrar projetos de carbono para área conservada de propriedades rurais em todas as fases de desenvolvimento do projeto – da mensuração à comercialização.

A importância do diálogo entre os diversos atores da cadeia agrícola também foi ressaltada por Fernanda Gomes, pesquisadora do Centro de Sustentabilidade da PUC-Rio e líder do projeto de ciência comportamental aplicada à cadeia da soja em implementação pelo Instituto Internacional para Sustentabilidade com apoio do Fundo. No evento, ela apresentou um recorte de um levantamento realizado com 60 produtores rurais com terras aptas para conversão na região do Matopiba, para entender quais critérios seguem antes de tomar quaisquer decisões sobre a abertura de novas áreas produtivas. “Fomos ouvir os produtores, e fomos muito bem recebidos. Eles foram receptivos e dividiram conosco os temores, desejos e desafios no momento da tomada de decisão em campo”, afirma. Segundo Fernanda, os produtores rurais são unidos e trocam impressões e conhecimento entre si antes de tomar decisão em campo. “O produtor tem acesso a informações via associação de classe. Eles ouvem as associações e os outros produtores. Abrir o canal de comunicação com o produtor é fundamental para qualquer transformação em campo”.

Todos foram unânimes em afirmar que boas práticas agrícolas impactam em mais e melhores oportunidades de negócios verdes. Coordenador comercial na Produzindo Certo, Diego Pedr’Angelo afirma que a certificação ambiental ajuda a captar recursos de pagamentos por serviços ambientais. “A Produzindo Certo oferece ferramentas e assistência técnicas que facilitam o acesso do produtor rural ao mercado agrícola sustentável”. Especializada em assistência técnica e disseminação de conhecimento em sustentabilidade agrícola, a Produzindo Certo acaba de lançar o aplicativo de coleta de dados e evidências em campo Eu coleto certo e desenvolver nossas funcionalidades para a ferramenta de diagnóstico socioambiental Eu produzo certo, ambas desenvolvidas e aprimoradas com o apoio do Land Innovation Fund para facilitar o acesso do produtor rural às oportunidades de negócios verdes. “A sustentabilidade no agro precisa deixar de ser encarada com romantismo, apenas, para ser vista também pela ótica econômica”, afirma Pedr’Angelo.

Durante o evento, o CEO da startup Green Bug, Marcelo Vieira, destacou a importância da parceria com o Land Innovation Fund para o desenvolvimento da solução de inovação. “Com a ajuda do Fundo, conseguimos tirar o projeto do papel e transformar em resultado. Positivos ou negativos, os resultados são sempre favoráveis. Aprendemos com os erros a solucionar problemas e a não os repetir. A oportunidade que temos com o Fundo é a de realizar esses experimentos e de encontrar soluções inovadoras para as questões com as quais trabalhamos."

Utilizando Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA) para catalogar os sons, transmitir os resultados a uma base de dados e monitorar quaisquer alterações de ruídos na área mapeada, a Green Bug desenvolve plataforma de monitoramento acústico para mensuração de biodiversidade em propriedades rurais do Cerrado. A startup foi selecionada para receber recursos financeiros do Startup Finance Facility no 3º ciclo do Programa Soja Sustentável do Cerrado – uma parceria do Land Innovation Fund com a AgTech Garage, e apoio estratégico da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) – e conta com recursos técnico-financeiro adicionais do CPQD e do Sebrae. Com a solução, a Green Bug pretende ainda detectar alterações no ecossistema, antever a necessidade de possíveis ações preventivas e mensurar o alcance de boas práticas agrícolas, contribuindo para melhores condições de produção e conservação do meio ambiente.

Sobre o Land Innovation Fund (LIF):

Criado com aporte inicial da Cargill e sob gerenciamento da Chemonics Internacional, o Land Innovation Fund fomenta a criação, o desenvolvimento, e a implementação de soluções de inovação para uma agricultura sustentável e inteligente para o clima, livre de desmatamento e conversão de vegetação nativa em três biomas prioritários na América do Sul: Amazônia, Cerrado e Gran Chaco. Desde que foi lançado, em 2021, o Fundo apoia a implementação de 36 projetos com 44 parceiros na região, com um alcance estimado de mais de 1,8 milhões de hectares e o engajamento de mais de 1.400 produtores rurais.

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