Programa mobiliza jovens para cocriação de projetos de transformação socioambiental
Laboratório de Inovação Unleash Amazônia reuniu mais de 100 jovens para discutir soluções para o desenvolvimento sustentável do bioma.
Em outubro, mais de 100 jovens dos nove estados da Amazônia Legal brasileira reuniram-se em Manaus para participar do Laboratório regional de inovação UNLEASH Amazônia.
A iniciativa é da UNLEASH, organização dedicada à mobilização de jovens para a transformação social, e conta com o apoio da Chemonics Internacional, responsável pelo gerenciamento do Land Innovation Fund.
O evento foi inteiramente dedicado a pensar os desafios e propor soluções para dilemas socioambientais do bioma amazônico, e o primeiro laboratório regional realizado pela Unleash na América do Sul. A edição também foi a primeira inteiramente cocriada em parceria com um ecossistema de inovação local.
A proposta era dar protagonismo à pauta amazônica e discuti-la a partir da perspectiva de jovens moradores da região. Mais de 70% dos participantes vieram de comunidades nativas – ameríndias, quilombolas, extrativistas ou ribeirinhas -, um recorde entre todos os laboratórios de inovação já realizados pelo Unleash.
Utilizando o conhecimento adquirido no acompanhamento de projetos de inovação do portfólio, profissionais do Land Innovation Fund atuaram como facilitadores, jurados ou mentores do UNLEASH Amazônia, apoiando as equipes na elaboração de soluções colaborativas e sustentáveis.
O LABORATÓRIO:
Ao longo de uma semana, os jovens participaram de mentorias e dinâmicas de grupo para fazer das ideias projetos de transformação social. Em permanente diálogo colaborativo, eles identificaram desafios e esboçaram soluções para alguns dos problemas que afligem a região.
Combinando saberes tradicionais e metodologia de inovação Unleash, os jovens atravessaram todas as etapas de desenvolvimento de um projeto de inovação, e apresentaram soluções alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
A multiplicidade de vozes garantiu a diversidade de pontos de vista e abordagens apresentadas pelas equipes participantes. Em pauta, questões como uso da terra, educação ambiental, turismo ecológico, manejo agrícola sustentável, restauração ecológica e fortalecimento da bioeconomia, pensadas e discutidas por jovens da região.
Ao total, 26 soluções foram estruturadas durante o Unleash, e apresentadas em pitch ao final do evento. Organizadas em duas trilhas temáticas - Proteção e Responsabilidade Ambiental, e Desenvolvimento Econômico Sustentável e Bioeconomia – as iniciativas compuseram um mosaico de alguns dos maiores desafios enfrentados pela população local, como o êxodo rural e a insegurança alimentar, ambos agravados pelos efeitos das mudanças climáticas.
OS FINALISTAS:
A edição amazônica do laboratório de inovação foi a primeira a contar com votação participativa para a escolha das equipes finalistas. Cinco propostas chegaram à última etapa da competição, e três foram premiadas - uma em cada trilha temática e outra selecionada pelo público participante.
Eleita pelo voto popular, a equipe RORRAM propôs a criação de um viveiro de mandiocas para mitigar a insegurança alimentar que afeta a população ameríndia do norte do estado de Roraima. Base da culinária local, o cultivo da mandioca sofre com os feitos das mudanças climáticas. Quase 70% das espécies do tubérculo estão em extinção na região.
Na trilha Desenvolvimento Econômico Sustentável e Bioeconomia, o prêmio foi para o projeto da equipe KUNAY moda com propósito. A proposta é oferecer capacitação em moda indígena e promover a identidade cultural dos jovens da região.
Na categoria Proteção e Responsabilidade Ambiental, a equipe TURIMPACTO criou um plano de turismo sustentável que combate o êxodo rural, estimula a criação de empregos, a economia circular e o intercâmbio cultural em comunidades ribeirinhas da região.
Na cerimônia de encerramento, a líder indígena Vanda Witoto reforçou a importância de resgatar o conhecimento ancestral para construir soluções para o meio ambiente. E lembrou que a responsabilidade sobre a terra não está apenas nas mãos dos indígenas, mas de todos nós. “As redes são fundamentais para tornar potência o que já existe de forte em nosso território”, conclui.